terça-feira, 20 de outubro de 2009

Salvem as árvores



     Quando as coisas acontecem, costumo pensar. Quando acontecem mais vezes, escrevo. Já tem um tempo que, quando alguém joga papel fora por ter imprimido algo errado ou não, ouve-se uma frase do tipo "Quantas árvores estamos matando agora". Nunca me senti culpado e a razão é bem complicada. Se você não tivesse imprimido, aquela folha estaria na impressora e a árvore morta. Se ninguém tivesse imprimido antes, não precisariam repor as folhas na impressora, logo, a sua folha estaria na embalagem provavelmente em um armário e a árvore morta. E se não tivessem imprimido nada antes ainda, a empresa talvez não comprasse essa resma que estaria em uma prateleira de loja e a árvore morta. Se a procura de resmas fosse menor, talvez aquela resma que continha a sua folha estivesse em algum depósito e a árvore morta.
     Ou seja, em algum lugar estão cortando árvores para encher os depósitos de resmas de papel, quer você imprima certo, errado ou pique o papel para jogar pela janela no último dia do ano. Não importa se você desperdiça papel ou não porque a árvore já está cortada. Do jeito que falam parece que se você evitar de gastar aquela folha uma árvore deixará de ser cortada. Bullshit!
     Vejo que essa tendência aumentará a cada dia: passar a responsabilidade de qualquer problema social, ecológico, econômico, etc para ponta da cadeia, para a população em geral, desviando, sempre que possível, o foco do verdadeiro problema. Se envolve uma catástrofe mundial, o mínimo que espero é que limitem o corte de árvores e a produção de papel e não que venham com esse papo de consciência global. Você não pode comprar se não estiver à venda. #

3 comentários:

  1. vc tem ate um pouco de razão..porém quem dita a demanda por algo é sempre a ponta da cadeia.....o q vc acha olhando por esse lado?

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  2. Esse caso não é para ser analisado pelas leis de economia. Sem árvores de que adiantará o lucro que estão tendo agora?

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  3. Concordo em parte. Primeiro porque as arvores que são utilizadas pra fazer papel não são arvores dos ecossistemas naturais, como a mata atlantica ou a floresta amazônica, simplesmente porque elas não prestam pra isso. A espécie mais usada é o Eucalipto devido ao seu alto percentual de celulose (do que é feito o papel) e baixo teor de lignina (o que é uma merda pra industria de papel pois o deixa escuro). Então derrubar um pé de Eucalipto (Arvore natural da oceânia e que os unicos animais que conseguem comer esta porcaria são cupins e coalas) de uma floresta artificial de silvicultura (onde nada alêm de eucaliptos vivem) não faz diferença alguma.
    O problema vem antes, quando derrubam as arvores nativas de determinado local pra plantar eucalipto. Então se gastarmos menos papel não seria necessário derrubar mais arvores nativas para suprir uma demanda crescente. Mas o grande problema real de papel é que 70% do papel gasto no mundo é utilizado para imprimir propagandas em geral (ao menos foi o que me disse uma professora minha). Então realmente concordo que a mudança não deve começar pela ponta da cadeia, uma vez que acaba sendo muito demorada. Tem de ser feita sim a partir de cima.
    Ainda acredito na necessidade de um governo que seja totalmente ativo, onde tudo seja planejado por ele e bem controlado. Afinal o velho "deixai fazer, deixai passar" não rola mais em um mundo com 6 bilhões de pessoas! Não da pra ser mais "A la Bangu" (Nada contra o Gllauco, rs).
    Mas em um pais em que não temos nem planejamento urbano, como podemos cobrar um planejamento global, que possa compreender e nos adequar a ser uma civilização que divide um mesmo planeta, e que tão cedo não vai conseguir fugir dele e plantar eucaliptos em marte!

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