segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Subjetividade e Cultura

Aprendemos que nossa constituição como sujeito, na civilização, implica em contenção de desejos, renúncia. Teoricamente entramos no jogo da vida já com um placar negativo. Desde o nascimento somos desgarrados da completude e como seres incompletos vamos nos descobrindo. Vimos que a busca pela completude passou por deuses, ciência e agora parece estar num beco sem saída. Ou melhor, as saídas, os escapes, têm se mostrado no que chamamos de novos sintomas. Como bebês, retornamos para o estágio das “soluções” imediatistas. Criamos diversos nomes para os mesmos sofrimentos. Ao mesmo tempo que adoramos saber que nossa doença existe, tem um nome, uma classificação mundial, e que existe uma droga na prateleira da farmácia para aliviar o sintoma, vê-se sinais de uma insatisfação em ser tratado, cuidado, como que em massa, automaticamente, friamente. Ouve-se costumeiramente após uma consulta médica “ele nem mediu minha pressão”, “ele nem olhou minha garganta”, “ele passou o mesmo remédio da outra vez”. Seria isto uma pequena sinalização da nossa subjetividade sufocada diariamente pela cultura? De fato, o capitalismo e o consumismo são os motores dessa máquina que destrói as particularidades. Todo esse movimento de universalização de tudo e de todos está matando, ou ao menos pressionando muito, a constituição subjetiva do sujeito. A relação que vejo entre Subjetividade e Cultura, atualmente, é que a Cultura mantém a Subjetividade em cativeiro e parece não estar aberta a negociações. (Rafael Gidra)

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