domingo, 1 de maio de 2011

Anitelli

"Entrada para raros.
Sintaxe à vontade.
Sem horas e sem dores, respeitável público pagão.
Bem-vindos ao Teatro Mágico.
Todo sujeito é livre para conjugar o verbo que quiser.
Todo verbo é livre para ser direto ou indireto.
Nenhum predicado será prejudicado.
Nem tão pouco a frase, nem a crase, nem a vírgula e ponto final.
Afinal, a magramática da vida nos põe entre pausas, entre vírgulas e estar entre vírgulas pode ser aposto e eu aposto o oposto: que vou cativar a todos sendo apenas um sujeito simples.
Um sujeito e sua oração. 
Sua pressa, sua prece que enxerguemos o fato de termos acessórios para a nossa oração.
Separados ou adjuntos, nominais ou não, façamos parte do contexto.
Sejamos todas as capas de edição especial, mas, porém, contudo, entretanto, todavia, não obstante, sejamos
também a contra-capa porque ser a capa e contra a capa é a beleza da contradição. 
É negar a si mesmo.
E negar a si mesmo é muitas vezes encontrar-se com deus.
Com o teu deus.
Sem horas e sem dores, que nesse momento que cada um se encontra aqui e agora, um possa se encontrar no outro e o outro no um.
Até porque tem horas que a gente se pergunta por que é que não se junta tudo numa coisa só."
(Fernando Anitelli)

Um comentário:

  1. Bem podemos conjugar o verbo que quisermos, como quisermos e não fazemos isso, a gente se prende as regras, a gente erra e fica com vergonha, quando na verdade não é erro, é apenas o nosso eu querendo se manifestar.
    Liberdade de expressão é o que há rs!
    Gostei do texto =)
    Pérola!

    ResponderExcluir