quarta-feira, 15 de setembro de 2010

"Vote contra os corruptos"

Hoje vi um cartaz de político na rua que dizia "Vote contra os corruptos! Número Tal. Vote Fulano." e comecei a analisar a incoerência.
Você mesmo pode pensar em algumas: "O próprio Fulano é corrupto, como ele pede para votar contra os corruptos?" ou "Não existem políticos honestos, como esse cartaz pede para votar contra os corruptos?". Tudo bem, são realmente duas incoerências subjetivas. Estas não me interessam.

Para facilitar nossa investigação vamos considerar que o Fulano seja honesto.
É de se supor que votar contra os corruptos significa votar nos honestos. Assim, ao votar no Fulano, que é honesto por definição nossa, você terá votado contra os corruptos sim, mas também contra todos os honestos exceto o próprio Fulano. Logo, "Vote contra os corruptos e todos os honestos exceto Fulano! Número Tal. Vote Fulano." talvez seja um pouco mais coerente.

Seguindo em frente, convido-vos a lançar outro olhar sobre a expressão votar contra.
Imagino que votar contra alguém não seja apenas votar em outra pessoa. Porque isso na verdade seria muito mais que votar contra alguém, seria votar contra alguém e também votar contra todos os demais exceto a pessoa em quem você votou. Um exemplo para clarear. Suponha que temos 3 candidatos: A, B e C. Alguém pode pensar que votar contra A significa votar em B ou C. Antes de votar essa ideia é válida, mas quando o voto se realiza a ideia se desfaz porque você terá votado em B, por exemplo, e isso foi contra A e C.
Daí concluo que é impossível votar contra alguém, nos moldes atuais.

Isso me fez pensar em outros moldes. Imagine se o seu voto não expressasse quem você quer no cargo, mas sim quem você não quer. Neste caso, você realmente estaria votando contra alguém. No final da votação, o candidato mais votado ficaria suspenso da próxima eleição. Podemos até pensar em suspender mais, talvez uns 10 ou 25%. O menos votado seria o eleito. No caso de empates temos duas saídas. A primeira seria fazer uma eleição normal com esses que empataram. A segunda seria repetir o procedimento de votar contra com esses que empataram, e se necessário novamente até que haja o desempate e um vitorioso.

Talvez essa seja a resposta para a política. Em pensar que esteve por tanto tempo debaixo dos nossos narizes.
(Rafael Gidra)

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